sábado, 26 de dezembro de 2015

Remoinhos

Porque vou sozinha, sem rumo e sem destino
Neste caminho incerto, escuro e triste,
À procura de nada, e em desatino
Sabendo que o que eu quero não existe?
Por teimosia, continuo à deriva,
Nesta luta incessante, a procurar
No mar revolto que é a minha vida
Uma ilha tão distante de alcançar!
Já lá vai o tempo em que acordava
E de tão feliz, até cantava
Canções de amor que a Vida me oferecia...
Vou tentar reescrever a minha história,
Encerrar o passado na memória,
E quem sabe a Vida ainda me sorria...

domingo, 5 de julho de 2015

Contradições

Acordar pra mais um dia que começa
E sentir um aperto de saudade,
É tristeza. Mas há sempre uma promessa
De presença, de amor, de felicidade.

Com este sentimento de esperança,
Não existe solidão, tristeza ou dor.
Para nós não há longe nem distância,
Fortalece ainda mais o nosso amor!

As horas voam quando estamos juntos!
Então porque se arrastam os segundos,
Porque os dias custam tanto a passar?

Mas finalmente chega o nosso dia!
E nessa explosão tão grande de alegria
Os segundos são poucos para amar!


sábado, 6 de junho de 2015

SIMBIOSE


Disfarçando a ansiedade, desço as escadas
Atenta a cada rosto, a cada olhar.
Meu coração não sabia onde estavas,
Mas dizia-me que já estavas a chegar.

Por trás de mim, surge uma mão que me toca,
Com confiança, com urgência e com meiguice.
Nesse instante, parou tudo à nossa volta.
Como se, além de nós, nada existisse!

Nossos olhares, ávidos, mergulharam
Sorrindo, um no outro.E lá ficaram,
E a Certeza atingiu-nos logo ali.

Primeiro, a medo, nossos lábios se encontraram,
Sem pensar, nossas mãos se entrelaçaram,
Sem dizer nada, Tu sentiste e Eu senti!





sexta-feira, 1 de maio de 2015

DESOLAÇÃO

Queria ser uma pedra da calçada
Ou uma ave, a voar no firmamento.
Uma coisa qualquer, inanimada,
Sem dor, alegria, sofrimento...
Ser nuvem, a pairar no céu cinzento
Assustadoramente escura e carregada
E que pudesse, a qualquer momento
Desfazer-se, num só grito, em trovoada.
Para quê tanta luta e tanta dor
Se tudo o que vejo ao meu redor
É como um sonho desfeito e esquecido?
Cada dia que passa, dou por mim
Triste e insatisfeita, porque assim,
Nada em minha vida faz sentido!




sábado, 21 de março de 2015

Cinzas

Na penumbra da noite que caía
Meu pensamento fugia para ti.
Por não querer sentir o que sentia,
Foi-se embora a esperança...e esmoreci.

Concluí, uma vez mais, que afinal
Eu sou como a chama da fogueira.
Que se apaga pela brisa mais banal,
Ao fazer de um só momento, a vida inteira...

Como a fogueira acesa e escaldante
Onde resta ainda a cinza quente
Mas que, a pouco e pouco irá morrer,

Eu sou o resquício de um amor ardente
Que, de tão breve, esmoreceu pra sempre
Nem um só sopro o vai reacender!